PEQUENO GLOSSÁRIO DE LITERATURA

01/06/2013 13:28

 

PEQUENO GLOSSÁRIO DE LITERATURA

 

 

Termo

Descrição

Aliteração

Repetição de sons idênticos ou semelhantes num mesmo verso ou ao longo de uma estrofe. É um recurso que intensifica a musicalidade dos versos e foi muito explorado pelos poetas do Simbolismo, sobretudo por Cruz e Sousa.

Ambiente

O ambiente é o cenário por onde circulam personagens e onde se desenrola o enredo. Em alguns casos, a importância do ambiente é tão fundamental que ele se transforma em personagem.

Anáfora

Repetição de termos ou frases no início dos versos de um poema.

Anástrofe

Inversão da ordem natural das palavras correlatas.

Antítese

Recurso de estilo em que se contrapõem palavras ou frases de sentido antagônico, de modo a tornar mais expressiva a oposição de idéias.

Apólogo

Breve narrativa que expressa uma mensagem de fundo moral. Muito próximo da fábula e da parábola, a distinção entre essas formas é assim explicada por alguns autores: no apólogo, as personagens seriam objetos inanimados; a fábula apresentaria como personagens animais irracionais e a parábola seria protagonizada por seres humanos. Em todas essas formas de narrativa, porém, está presente a intenção de transmitir ao leitor uma mensagem moral.

Auto

Breve peça de conteúdo religioso ou profano, geralmente em verso, que se originou na Idade Média. Em Portugal, alcançou seu apogeu na obra de Gil Vicente, no século XVI. No Brasil, José de Anchieta o empregou em sua missão de catequese do indígena e educação religiosa do colono. Em nossos dias, é praticado muito esporadicamente, merecendo destaque o Auto da Compadecida (1959), de Ariano Suassuna.

Bucolismo

Tendência poética referente às obras que fazem o elogio da vida campestre. Essas poesias são também chamadas de pastoris, porque nelas os pastores são presenças constantes. O bucolismo foi uma das características da poesia arcádica.

Cantiga

Breve composição poética feita para ser cantada. Na literatura portuguesa, as cantigas desenvolveram-se principalmente durante os séculos XII, XIII e XIV, constituindo o movimento poético conhecido por Trovadorismo. Essa denominação, aliás, deriva de trovador, nome dado ao autor das cantigas. Quanto ao assunto, as cantigas podiam ser: líricas (cantigas de amor e de amigo) e satíricas (cantigas de escárnio e de maldizer). As coleções de cantigas que restaram dessa época dá-se o nome de Cancioneiros.

Carpe Diem

- "Colhe o dia", exortação de Horácio, poeta latino da época do Imperador Augusto; foi o lema persuasivo do galanteio e da conquista dos corações femininos, na medida em que chama a atenção para a perecibilidade da beleza, a morte de tudo; o carpe diem foi uma forma indireta de negaceio amoroso.

Clichê

Frase ou expressão que, de tanto ser usada, perdeu sua beleza primitiva, tornando-se completamente banal. É um defeito de estilo que deve ser evitado pois empobrece e vulgariza o texto. Também pode ser considerado clichê o final feliz de muitas obras literárias, e sobretudo de fotonovelas ou telenovelas. O clichê pode ser chamado também de lugar-comumfrase feita chavão.

Comédia

É a representação de um fato inspirado na vida e no sentimento comum, de riso fácil e geralmente critica os costumes de um determinado povo ou época.

Conceptismo - Barroco

Tendência para a especulação aguda de idéias, para a criação de conceitos novos; é um tipo de barroco oposto ao cultismo, que se caracteriza pelo refinamento das imagens, tons e forma.

Conotação

Carga lírica das palavras, a capacidade que elas têm de lembrar e sugerir idéias e associações, visões e imagens, através de imitações sonoras, empatias, derivações, graças à experiência pessoal ou grupal ou universal, de modo a justificar a asserção de Thierry Manier: "A atividade específica do poeta não é despertar em si uma porção de fantasmas para os envolver em palavras, e sim provocar nos outros a aparição do maior número possível de fantasmas que as palavras possam trazer consigo". A conotação é um recurso da linguagem lírica, ao contrário da denotação que se presta melhor à linguagem científica.

Cultismo - Barroco

Tendência ao emprego de figuras refinadas; escola barroca que cultivou o requinte temático (descrição de objetos preciosos ou encarecimento de objetos que tenham alguma importância circunstancial). O cultismo é uma degeneração tardia do barroco peninsular, ocorrida especialmente na América Espanhola e no Brasil.

Denotação

Qualidade específica das palavras que designam, sem dubiedades nem associações, um só e único significado, válido em qualquer contexto. É o contrário da conotação.

Didático

Um gênero não definido como literário, pois é despido de arte ou ficção. Uma técnica para se transmitir conhecimentos.

Eco

Efeito sonoro resultante da recorrência de sons idênticos ou semelhantes no final de várias palavras de um texto. Em prosa, deve ser evitado porque provoca efeito desagradável, mas em poesia constitui autêntica rima interna, transmitindo grande musicalidade aos versos.

Elegia

Tipo de composição poética que constitui geralmente um canto lamentoso e triste.

Enredo

É a própria estrutura narrativa, ou seja, o desenrolar dos acontecimentos.

Épica

Composição poética em que se revela a intenção do autor de "abranger a multiplicidade dinâmica do real físico e espiritual numa só obra, numa só unidade". Contrariamente à lírica, que se restringe à expressão dos sentimentos do "eu".

Epopéia

Tipo de poema épico em que se cantam os feitos gloriosos de um povo, constituindo, portanto, uma exaltação da nacionalidade. A obra Os Lusíadas(1572), do poeta português Luís Vaz de Camões, representa a melhor realização de uma epopéia em língua portuguesa.

Estribilho

Verso ou conjunto de versos que se repetem após uma ou mais estrofes de um poema. Pode ser chamado também de refrão.

Estrofe

Nome dado a cada grupo de versos que compõem um poema. De acordo com o número de versos que contêm (de 2 a 10), as estrofes recebem os seguintes nomes: dístico, terceto, quarteto ou quadra, quinteto, sexteto ou sextilha, sétima, oitava, nona, décima ou década.

Farsa

Pequena peça teatral, de caráter ridículo e caricatural, que critica a sociedade e seus costumes.

Ficção

Vem do latim "fictionem" e significa "ato ou efeito de fingir, e simular". É o produto da imaginação, da invenção. Podemos classificar uma narrativa de ficção em verossímil ou inverossímil: se a ficção guardar pontos de contato com a realidade, se o evento parecer verdadeiro ou provável, será verossímil; caso contrário, se parecer improvável, absurdo, sem contato com a realidade, será inverossímil.

Flashback

Técnica narrativa que consiste em contar a ação do presente para uma volta ao passado, numa espécie de retrospectiva. Cria-se, dessa forma, uma situação narrativa com dois planos temporais: um no presente e outro no passado.

Foco narrativo

Designa aquele que narra a história num conto, novela ou romance. O estudo do foco narrativo esclarece o leitor a respeito do ponto de vista a partir do qual é feita a narração. Quando o narrador é uma das personagens, dizemos que o foco narrativo é em primeira pessoa; quando não é uma das personagens, estando, portanto, fora da história, dizemos que o foco narrativo é em terceira pessoa.

Fusionismo - Barroco

É a fusão de aspectos sensoriais ou ideacionais (fusão de luz e treva, de sons, do irracional com o racional, etc.).

Gongorismo - Barroco

Estilo literário espanhol da época barroca; nome empregado pejorativamente, já que deriva de Gôngora, um dos maiores poetas barrocos; exagero no emprego das metáforas engenhosas e nos trocadilhos; abuso das soluções difíceis e complicadas. Na série de equívocos suscitados pelo Gongorismo, houve o hábito didático de classificar autores e obras, opositivamente, em cultistas e conceptistas, conforme o predomínio de palavras concretas ou abstratas. Como características secundárias do Gongorismo pode-se, apontar a mitologia clássica como fonte principal de temas e motivos, e a utilização cumulativa das figuras de retórica. No Brasil são duas as vozes gongoristas que merecem menção: Manuel Botelho de Oliveira (1636 - 1711) e Sebastião da Rocha Pita (1660 - 1738).

Hipérbato

Figura de sintaxe que consiste na inversão violenta da ordem natural das palavras; decorre da imitação da sintaxe latina, onde as palavras não precisam ocupar um lugar definido no discurso, uma vez que seu sentido é plenamente captável. Sem os recursos flexionais do latim clássico, a língua portuguesa e espanhola têm certos limites de tolerância no desarranjo de termos, que os cultistas muitas vezes ultrapassaram.

Hipérbole

Figura de linguagem em que se realça uma idéia por meio de uma afirmação exagerada.

Humanismo - Barroco

É um conceito central do Renascimento. Consiste em tomar o homem total como objeto e inspiração da arte; valorização absoluta da idéia de homem. Na Era Barroca o humanismo é um conceito em crise.

Imagem

Frase ou locução representativa ou sugestiva de emoção, sentimento, idéia ou conceito. A estrutura lingüística da imagem apóia-se na "comparação" entre os significados explícitos dos vocábulos e os implícitos que o poeta atribui às suas vivências ou motivações subjetivas.

Lira

Tipo de composição poética de caráter sentimental que geralmente apresenta um estribilho após cada estrofe. Destacam-se, na literatura brasileira, as liras escritas pelo poeta arcádico Tomás Antonio Gonzaga (1744 - 1810) em seu livro Marília de Dirceu.

Lírico

A Lira é um instrumento musical que acompanhava os cantos dos gregos. Daí nasce o termo lírico que vem denominar um gênero literário introspectivo e voltado às emoções e subjetividades. A lírica é uma expressão emocional do eu. Apóia-se em subjetividades, sentimentos. Os textos poéticos ou em prosa do gênero lírico centram-se na primeira pessoa do singular.

Maneirismo

Forma tardia de Renascimento, espécie de estilo pré-barroco, caracterizado por seu experimentalismo formal, porém sem o impressionismo e o realismo que serão as características do barroco.

Marinismo - Barroco

Influência da lírica barroca italiana, começada por Marino.

Metáfora

Recurso de estilo que consiste em associar a um elemento características que não lhe são próprias, enriquecendo-lhe o significado e revestindo-o de uma carga poética especial. A metáfora é um tipo especial de comparação, em que estão ausentes as partículas como, assim como e outras. Podemos falar ainda em linguagem metafórica quando queremos nos referir a uma linguagem rica em significados e associações.

Metáfora - Barroca

Figura que consiste em empregar um termo com dupla alusão. Toda metáfora é um pequeno mito, pois o que ela diz - tomado ao pé da letra -, é um absurdo. Uma das grandes revoluções operadas pela poética barroca foi o aparecimento das metáforas erótico-anatômicas que associavam o amor ao prazer e a natureza à mulher. Por vezes, a técnica barroca construía uma verdadeira constelação de metáforas. A esse conjunto metafórico alguns autores chamam alegoria.

Métrica

Também chamada de versificação, é a medida do verso, isto é, a contagem das sílabas poéticas que compõem um verso. Para se estabelecer a métrica dos versos, deve-se separá-los em sílabas poéticas (que são diferentes das sílabas gramaticais), considerando-se apenas até a última sílaba tônica. Além disso, por necessidade de ritmo, muitas vezes o poeta pode lançar mão de vários recursos para abreviar ou alongar as sílabas. A elisão, que consiste na fusão de vogais no encontro de palavras, é um dos recursos mais usados. De acordo com o número de sílabas que contém, o verso recebe o nome de: monossílabo, dissílabo, trissílabo, tetrassílabo, pentassílabo ou redondilha menor, hexassílabo, heptassílabo ou redondilha maior, octossílabo, eneassílabo, decassílabo, hendecassílabo, dodecassílabo ou alexandrino. Na literatura moderna predomina o verso livre, em que não há preocupação de rigor métrico.

Misticismo - Barroco

Deu-se na Espanha, no tempo de prosperidade da Companhia de Jesus. O misticismo é a concentração aguda em Deus, é um ato de fé capaz de provocar o milagre do reconhecimento de Deus. Santa Teresa de Jesus (freira, mística e escritora espanhola, Santa Teresa de Ávila, nasceu em Ávila, em 1515 e morreu em 1582, canonizada em 1622) e São João da Cruz (poeta e prosador místico espanhol, Juan de Yepes, nasceu em Fontiveros, Ávila, em 1542, e morreu em Úbeda, Jaén, a 14/12/1591) são seus melhores representantes na poesia.

Narrativa

Designa um tipo de texto que apresenta o desenrolar de uma ação ou de uma história, num certo período de tempo, com a participação de uma ou mais personagens. Importa considerar ainda que, numa narrativa, podemos reconhecer o tempo da narração, isto é, o momento em que a narração dos fatos é feita, e o tempo da narrativa, isto é, o momento em que os fatos narrados aconteceram. Estes fatos podem ter ocorrido antes da narração ou podem ocorrer simultaneamente a ela; mais raramente poderão ocorrer posteriormente à narração, como é o caso, por exemplo, dos textos em que se fazem previsões ou profecias.

Onomatopéia

Gramaticalmente, é uma palavra cuja formação procura reproduzir certos sons ou ruídos. Em literatura, consiste numa aliteração que tem por objetivo representar sonoramente determinada ação.

Oxímoro

Quando o vigor da antítese resulta numa contradição ou paradoxo, isto é, quando as idéias expressas se excluem mutuamente, temos o oxímoro.

Paródia

Composição literária cujo objetivo é imitar, com intenção satírica ou cômica, o tema ou o estilo de uma outra obra.

Personagens

São os participantes do desenrolar dos acontecimentos; aqueles que vivem o enredo. A palavra personagem tanto pode ser feminina como masculina. O personagem principal de um enredo é chamado protagonista, geralmente é o herói, o mocinho. Há personagens que não representam individualidades, mas sim tipos humanos, identificados pela profissão, pelo comportamento, pela classe social, etc. Os personagens caricaturais têm seus traços ou comportamentos excessivamente realçados no enredo, fixando-lhe os detalhes de forma crítica ou irônica.

Poema

Denominação genérica de uma estrutura verbal em verso. Obra poética. A palavra poesia vale por sinônimo de poema. Os poemas se dividem em diferentes gêneros: épico ou heróico, didático, didascálico, fábula, dramático, lírico, religioso e outros.

Poesia

O termo poesia tem as seguintes conotações:

1. estrutura verbal, também chamada poema, realizada segundo as seguintes exigências:

a) ordenação de frases e respectivos membros em linhas com extensão determinada, denominadas versos;

b) subordinação das palavras, em cada verso, a regras prosódicas, sistematizadas sob a forma de ritmo.

2. Relação emotiva, sentimental ou estética, entre a forma do poema, ouvido ou lido, e a sensibilidade do ouvinte ou leitor.

3. Qualidade própria do poema, que suscita essa relação de cunho subjetivo, caso em que se diz: "esta poesia é poética", "este poema possui poesia".

Preciosismo

Termo com que se designa um trabalho de linguagem exageradamente requintado ou rebuscado. Dizemos que o estilo de um autor é precioso quando ele emprega palavras raras e construções sintáticas pouco usadas. Geralmente costuma-se opor a linguagem preciosa à linguagem coloquial, que é mais comunicativa e espontânea.


Prosa

Diz-se, em oposição à poesia, o texto não escrito em versos, quanto à forma; e, quanto ao tratamento estilístico, a obra não escrita em linguagem lírica.

Prosódia

Parte da Lingüística dedicada ao estudo da pronúncia das palavras em geral; e em especial, para os fins de versificação.

Rima

Repetição do mesmo acento na sílaba tônica da palavra final em versos sucessivos.

Romance

Narração de um fato imaginário, mas verossímil, que representa quaisquer aspectos da vida familiar e social do homem.

Sátira

Composição literária escrita quase sempre em linguagem irreverente e maliciosa, cujo objetivo é ridicularizar atitudes ou apontar defeitos. Na literatura brasileira, merecem destaque as poesias satíricas de Gregório de Matos (1636 - 1696) e o poema incompleto Cartas Chilenas, de Tomás Antônio Gonzaga (1744 - 1810).

Soneto

Composição poética composta de 14 versos rimados em 2 quadras e 2 tercetos. O soneto pode ser regular e irregular.

Soneto regular é composto em 10 sílabas sonoras em cada uma de seus versos – 2 quadras e 2 tercetos. Atualmente, se aceita o soneto com 3, 14, 15 e 16 sílabas, desde que sejam constantes. As rimas, porém, devem ser sempre 5, cruzadas e encadeadas nas quadras, pareadas e encadeadas nos tercetos.

Tema no soneto regular, desenvolve-se apenas um tema, que é proposto nas 2 quadras e concluído nos tercetos. O tema distribui-se de modo que a sua expressão tenha mais acentuado cunho expressivo ou de maior relevo emotivo nos tercetos. Deve-se evitar nos sonetos os vocábulos polissilábicos, admitindo-se os mais extensos com 3 sílabas.

No soneto irregular alteram-se os esquemas de rimas, utilizando-se versos heterométricos; inverte-se a ordem das estâncias – quadras e tercetos – aumenta-se o número de versos. Soneto invertido: os tercetos precedem as quadras. Soneto caudado: com mais de 14 versos; depois do segundo terceto acrescenta-lhe uma cauda de 2 ou 3 versos. Esta cauda é chamada pelos espanhóis de estrambose.

Tragédia

É a representação de um fato trágico, suscetível de provocar compaixão e terror.

Tragicomédia

Modalidade em que se misturam elementos trágicos e cômicos. Originalmente, significava a mistura do real com o imaginário.

Verso

Linha escrita, de sentido completo ou fragmentário, que se caracteriza pela obediência a determinados preceitos rítmicos, fônicos, ou meramente gráficos, pelos quais difere das linhas de prosa.

 

 

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